A água doce, em condições de ser consumida por animais e seres humanos sem causar danos à saúde, representa somente 0,02% da água disponível em rios e lagos. E sua disponibilidade torna-se cada vez menor devido à poluição causada pelo modelo de vida atual.
Uma projeção feita pela ONU indica que no ano de 2025, dois de três habitantes do planeta serão afetados de alguma forma pela escassez - vão passar sede ou estarão sujeitos a doenças provocadas pela má qualidade da água.
Segundo a UNICEF – Fundo das Nações Unidas para a Infância – cerca de 1,5 milhão de crianças morrem anualmente por causa de doenças transmitidas por meio do consumo de água imprópria. O próprio tratamento necessário para tornar a água potável, se torna cada vez mais caro, ou necessita de uma quantidade excessiva de produtos químicos, que podem inclusive causar danos à saúde humana e ao meio ambiente.
A UGRHI 9 enfrenta um cenário complexo para a manutenção da qualidade das águas. O número de habitantes cresceu de 96 hab/Km2 em 2007 para 110,7 hab/Km2 em 2008 (dados do Seade). O número de estabelecimentos agropecuários é de 21.798 (CATI, 2007/2008), o que representa 1/3 dos estabelecimentos do Estado de São Paulo. Enquanto o número de estabelecimentos industriais é de 4.039 (Seade, 2007), sendo que alguns municípios como Araras (402) e Sertãozinho (396), estão acima da média estadual (145/município). Quanto a mineração, a média estadual é de 3/município, já alguns municípios da UGRHI 9 possuem números bem maiores – Rincão (20), Mogi Guaçu (19), Porto Ferreira (16) (dados CPRM, 2008). Outro problema enfrentado é decorrente do esgoto sanitário, embora 95% do esgoto dos municípios seja coletado, somente 37% do total gerado, recebe tratamento (CETESB, 2008).
Apesar de todo esse quadro, as ações implementadas visando melhoria da qualidade dos corpos hídricos da bacia refletiram efeitos positivos no grau de eutrofização e no nível de Oxigênio Dissolvido (CETESB, 2008). Com a entrada em funcionamento das Estações de Tratamento de Esgoto de Mogi Guaçu, Descalvado, Vargem Grande do Sul, Santa Rita do Passa Quatro, Aguaí, Pirassununga, São Carlos, a percentagem de esgoto tratado aumentará significativamente, chegando a 60%. Isso se deve a programas como o “Água Limpa”, o “Município Verde e Azul” e o “Pacto das Águas” e, sobretudo as ações de gestão continuada exercidas pelo Colegiado do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Mogi Guaçu. A CETESB também tem papel preponderante, monitorando a qualidade das águas superficiais e subterrâneas, cabendo destaque a rede de monitoramento da água superficial, cuja densidade de 2,73 pontos/1.000Km2, é considerada boa (Relatório de situação 2008).
Se considerarmos que os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados, veremos que a água deve ser manipulada com racionalidade e precaução, como sugere a declaração dos direitos da água (ONU, 1992).
A gestão da água impõe um equilíbrio entre a sua proteção e as necessidades econômica, sanitária e social. Por isso é importante que a interação, o esforço conjunto e as ações compartilhadas, unidos à vontade política continuem, para que possamos alcançar um efetivo ganho ambiental.
Mesa diretora do CBH-MOGI 2009-2011
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